Entenda vazamento radioativo em usina atingida por terremoto no Japão
Após explosão na indústria de Fukushima, especialistas comentam riscos.
Região foi afetada pelo tremor de magnitude 8,9 nesta sexta-feira (11).
Após o terremoto de magnitude 8,9 que atingiu a costa do Japão, a usina nuclear Fukushima Daiichi interrompeu seu funcionamento. Entenda os riscos de vazamentos radioativos na usina depois dos tremores registrados nesta sexta-feira (11) e neste sábado.
Como funciona
Normalmente, o sistema de segurança desliga automaticamente os reatores depois de tremores. Para que não permaneçam aquecidos, é preciso acionar um sistema de refrigeração. Por causa do tsunami, faltou eletricidade necessária para que isso acontecesse.
A água resfria os elementos combustíveis compostos de urânio enriquecido. Eles permanecem dentro de uma espécie de piscina. Resfriada, ela evita o acúmulo de vapor radiativo no vaso de contenção externo, feito de concreto. Se a água não for resfriada, válvulas liberam esse vapor, como forma de impedir uma pressão insuportável dentro da proteção externa e o superaquecimento dos elementos combustíveis.
A liberação controlada do vapor radioativo foi determinada pelo governo japonês, como medida de emergência para evitar o risco de um acidente maior. A explosão do reator poderia provocar uma catástrofe nuclear. "Depois de Chernobyl, não houve nenhum acidente importante. Isso deu aos engenheiros nucleares a certeza de que a tecnologia estava dominada. O acidente japonês vai destruir as esperanças de que a energia nuclear é uma energia limpa", disse o professor e físico nuclear José Goldemberg, é o pior acidente nuclear desde Chernobyl, em entrevista à equipe de reportagem do Jornal Hoje
Perguntas e respostas
Em entrevista ao G1, Goldemberg disse que ainda é cedo para diagnosticar exatamente a dimensão do perigo que o vazamento em Fukushima representa. Preocupa o especialista, no entanto, o fato de que o governo tem apliado nos últimos anos distância mínima de isolamento da usina considerada segura para a população, o que sinalizaria que o risco é maior do que o projetado inicialmente. Cerca de 45 mil pessoas que estão em um raio de 20 km da usina, no leste do Japão, foram orientadas a sair da região. Antes, o isolamento era de 10 km. No portão da usina, a radiação ficou oito vezes acima do normal. "A única indicação que me inquieta é que há dois anos atrás esta área era de 3 km. Aumentaram para 10km, e agora para 20km. É uma indicação de que havia mais radiação do que eles esperavam", disse o especialista. À agência Reuters, analistas e representantes da indústria comentaram os perigos na usina de Fukushima Daiichi. Afinal, o que aconteceu no lugar? "A mais provável [causa da explosão] é a substância de refrigeração, particularmente se é a água, que pode superaquecer e se transformar em vapor mais rapidamente do que foi projetado", responde Timothy Abram, professor de tecnologia de combustível nuclear na Universidade de Manchester. "Até agora parece que não é o núcleo do reator que foi afetado, o que seria uma boa notícia", completa Paddy Regan, da Universidade de Surrey. Para a World Nuclear Association, associação da indústria com sede em Londres, a explosão foi provavelmente devido à ignição de hidrogênio e ela seria pouco susceptível de causar um grande acidente. "É obviamente uma explosão de hidrogênio", confirma o diretor de comunicação Ian Hore-Lacy. "Se o hidrogênio foi inflamado, então ele já se foi, não representa mais qualquer ameaça." Mas, depois dessa explosão, qual seria o perigo real? "O combustível do reator parece ter derretido ao menos parcialmente e a posterior explosão quebrou as paredes e o teto do recipiente de contenção", analisa o consultor de riscos Luke Stratfor. "Há relatos de fumaça branca. Talvez seja concreto em chamas, vindo do local da explosão, indicando uma violação da contenção e da fuga quase certa de quantidades significativas de radiação." Para Abram, no entanto, seria algo pouco provável.
Informações oficiais
Moradores da área de Fukushima receberam, em uma hora, radiação que seria tolerável para um ano. Na sala de controle, o nível de energia radioativa ultrapassou em mil vezes o permitido. Quem está fora da área atingida foi orientado pelo governo japonês a ficar dentro de casa, sem abrir portas e janelas. É indicado também que não bebam água da torneira. A Agência Japonesa de Segurança Nuclear e Industrial descartou que o contêiner do reator tivesse sofrido danos sérios, informou a agência de notícias Kyodo. Segundo o governo japonês e a empresa que opera a usina, a Tokyo Electric Power (Tepco), não houve vazamento radioativo considerável e o nível de radioatividade na região está baixando.
Níveis de radiação no complexo de
Fukushima aumentam no Japão
Nível exato de radiação no local não foi divulgado.
País enfrenta emergência nuclear após terremoto e tsunami na sexta-feira.
empresa de energia japonesa Tokyo Electric Power (Tepco) relatou ao governo um aumento dos níveis de radiação no complexo nuclear de Fukushima Daiichi. O nível exato de radiação no local não foi divulgado. O sistema de refrigeração da usina, situada a 240 km ao norte de Tóquio, foi danificado pelo terremoto e tsunami da última sexta-feira, forçando o operador a liberar gás radioativo para reduzir a pressão. Mais cedo, funcionários estavam se preparando para injetar água do mar no reator número 2 da usina, conforme informou neste domingo (13) a agência de notícias Jiji, citando a companhia de energia elétrica responsável pela planta. A meta é esfriar os equipamentos na unidade, afetada após o forte terremoto de sexta-feira e local de uma explosão no sábado. A Tepco, maior companhia de energia elétrica do Japão, já está injetando água do mar nos reatores número 1 e 3 na planta para resfriar e reduzir a pressão dentro dos contêineres onde estão os reatores. O governo do Japão alertou, mais cedo, sobre o risco de uma nova explosão. O premiê Naoto Kan disse que a situação da usina ainda era muito grave. As autoridades, no entanto, dizem que não esperam danos em nenhum reator do complexo. O ministro porta-voz Yukio Edano disse que oreator número 3 da unidade sofre problemas em seu sistema de refrigeração, mas que não há risco de fusão do núcleo. Edano considerou possível que aconteça uma explosão no recipiente de contenção do reator devido a uma acumulação de hidrogênio, como ocorreu no reator 1, mas insistiu em que o previsível é que não cause danos graves. Ele também afirmou que uma eventual explosão não causaria novas retiradas de moradores da região, após a mudança para outros lugares de cerca de 180 mil pessoas que vivem em um raio de 20 km em torno da usina nuclear. Sobre as informações de um possível processo de fusão no núcleo de um reator, Edano disse que não há nenhum dado que confirme que aconteceu essa fusão, embora tenha admitido uma possível “deformação” de uma parte do núcleo devido a um superaquecimento.
Edano destacou, no entanto, que ambos os casos são diferentes e é necessário ser cauteloso com a terminologia, pois segundo ele “uma deformação do núcleo não equivale a uma fusão”.
Saiba mais O porta-voz do governo disse que o nível de radiatividade que desprendia a central de Fukushima chegou a superar em um ponto o limite permitido de 500 microsievert até alcançar os 1.557 microsievert, mas 50 minutos depois tinha se reduzido para 184 microsievert. “O nível atual não é prejudicial para a saúde”, afirmou Edano, que equiparou o nível máximo de radiatividade emitido pela central com três radiografias de estômago. Segundo a agência local Kyodo, apesar das retiradas maciças, pelo menos 22 pessoas foram expostas à radiatividade. Em Fukushima, os esforços se centram em tentar reduzir a temperatura de seis reatores das usinas nucleares 1 e 2, cujos sistemas de refrigeração ficaram danificados pelo terremoto. Para isso, estão sendo usadas água do mar e ácido bórico.
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Site de pesquisa: www.g1.com.br
Região foi afetada pelo tremor de magnitude 8,9 nesta sexta-feira (11).
Normalmente, o sistema de segurança desliga automaticamente os reatores depois de tremores. Para que não permaneçam aquecidos, é preciso acionar um sistema de refrigeração. Por causa do tsunami, faltou eletricidade necessária para que isso acontecesse.
A água resfria os elementos combustíveis compostos de urânio enriquecido. Eles permanecem dentro de uma espécie de piscina. Resfriada, ela evita o acúmulo de vapor radiativo no vaso de contenção externo, feito de concreto. Se a água não for resfriada, válvulas liberam esse vapor, como forma de impedir uma pressão insuportável dentro da proteção externa e o superaquecimento dos elementos combustíveis.
A liberação controlada do vapor radioativo foi determinada pelo governo japonês, como medida de emergência para evitar o risco de um acidente maior.
Perguntas e respostas
Em entrevista ao G1, Goldemberg disse que ainda é cedo para diagnosticar exatamente a dimensão do perigo que o vazamento em Fukushima representa. Preocupa o especialista, no entanto, o fato de que o governo tem apliado nos últimos anos distância mínima de isolamento da usina considerada segura para a população, o que sinalizaria que o risco é maior do que o projetado inicialmente.
Moradores da área de Fukushima receberam, em uma hora, radiação que seria tolerável para um ano. Na sala de controle, o nível de energia radioativa ultrapassou em mil vezes o permitido. Quem está fora da área atingida foi orientado pelo governo japonês a ficar dentro de casa, sem abrir portas e janelas. É indicado também que não bebam água da torneira.
País enfrenta emergência nuclear após terremoto e tsunami na sexta-feira.
empresa de energia japonesa Tokyo Electric Power (Tepco) relatou ao governo um aumento dos níveis de radiação no complexo nuclear de Fukushima Daiichi. O nível exato de radiação no local não foi divulgado.
Edano destacou, no entanto, que ambos os casos são diferentes e é necessário ser cauteloso com a terminologia, pois segundo ele “uma deformação do núcleo não equivale a uma fusão”.
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